Confesso-me.

30 janeiro 2007

já dizia a Grey e muito bem,


«erguer barreiras não significa manter as pessoas de fora, mas sim, manter-te a ti cercado »

08 janeiro 2007

é uma palavra bonita, mágoa.


«Está para lá da tristeza, da saudade, do desejo de lutar pelo que já se perdeu, da raiva de não ter o que mais se queria, da pena de ter deixado fugir um grande amor, por ser demasiado grande.
Primeiro grita-se, barafusta-se, soluça-se em catadupas, fazem-se esperas, mandam-se flores e livros sublinhados, convocam-se os amigos para planearem connosco uma estratégia de recuperação, sente-se aos solavancos e come-se sem mastigar, num torpor raivoso e revoltado.
A vida vai mais depressa do que nós, passa-nos por cima e os dias comem-se uns aos outros. Só queremos que o tempo corra para nos apaziguar a dor e acalmar os papos nos olhos.Depois é o pós-guerra, a rendição, a entrega das armas e as sentenças de um tribunal marcial interior, em que os juízes são a vida e o réu, aquilo que fizemos com ela. Limpam-se destroços, enterram-se os mortos, tratam-se os feridos que são as nossas feridas feitas de saudade, desencontros, palavras infelizes e atitudes insensatas, medos, frustrações e tudo o que não dissemos. Há quem se rodeie de amigos, durma com antigos casos, se enrole numa manta de xadrez e se torne o mais fiel cliente do clube de vídeo mais próximo.
O pior é quando lá se chega, apetece tudo menos lá ficar. Percebemos que não há longe, em distancia para a dor e que nenhuma amante, amigo, mãe, irmão, droga ou bebida matam a saudade daquilo que já fomos ou de quem já tivemos nos braços.
A mágoa chega então, quando o cansaço já não nos deixa sentir mais nada. É silenciosa e matreira, instala-se sem darmos por ela, aloja-se no coração e começa a deixa sinais aqui e ali, dentro de nós. A pouco e pouco sentimos que já não somos a mesma pessoa. As cicatrizes podem esbater-se com os anos e ser remendadas com hábeis golpes de plástica, mas ficarão para sempre debaixo dos excertos que fazemos á alma.»