Confesso-me.

30 novembro 2006

fazes-me falta



«Que é de ti e da tua vida?
que é do tempo em que trazias o corpo a bater à porta?
apareces-me meio confuso,
o sublinhado já gasto pelo pretérito-mais-que-perfeito dos dias.
dois passos atrás
e os percursos ainda cruzados,
tu ainda.
sei que morreste num dia qualquer,
assim, com sol, a terra a girar,
tudo a correr como corre sempre
(tu a partires, tu a deixares de ser, tu-ausência, tu-nada e tudo a correr como corre sempre) mundos de fora ainda de pé,
nenhum abalar cósmico.
tu que te foste e eu a ficar com uma caixa cheia de ti nas mãos,
e eu a querer reinventar-te a carvão,
a barro,
a tinta,
fazer-te os ossos a histórias e a futuros prometidos,
colar-te num outra vez
aos dias soltos
e aos dias meus.
Dou-te a palavra muda,
o escrever de linhas.
E ficas a saber (se não a ler) :
fazes-me falta.»

16 novembro 2006

um dia



vais perceber que não é o longe ou o perto que estragam os laços do gostar, mas sim os espaços vazios que fazes questão de criar por entre todos os retalhos que existem quando se gosta de alguém.